Frase da semana

"Nada posso lhe oferecer que não exista em si mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo além daquele que há em sua própria alma. Nada posso lhe dar, a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo". Hermann Hesse

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Será o sonho uma realidade?













“A dimensão dos sonhos é um universo paralelo. Todas as coisas que ocorrem nesse tempo e espaço paralelos afetam diretamente nossa realidade física. A realidade da dimensão dos sonhos é tão antiga quanto nosso universo e contém todos os portões que nos permitem abrir novos níveis de consciência”. Jamie Sams

Uma das grandes chaves para compreensão dos sonhos é encara-los como uma arte vívida e real de nossa existência. Para a Psicologia Transpessoal, o mundo material tal qual nós o conhecemos também pode ser chamado de um “mundo de sonhos”, onde o ser humano sonha que está separado de sua identidade divina ou de Deus. Isso pode ser exemplificado através do sonho de Lao Tsé, um sábio chinês que sonhou ser uma borboleta azul e que, ao acordar não tinha clareza exata se o que havia vivido era um sonho ou a realidade. Não sabia se ele era um sábio chinês que havia sonhado ser uma borboleta ou se era uma borboleta sonhando que era um sábio chinês. Após muita indagação criou a teoria do Tao, onde a realidade nos é percebida sempre através das polaridades que visualizamos em nossa consciência.

Quando pensamos logicamente sobre o que é o sonho (aquele que temos quando estamos dormindo...) podemos dizer que ele é um estado de consciência que traz uma mensagem, uma parte de nós mesmos que experimenta o ser sem julgamentos e sem barreiras de tempo/espaço.

O sonho e a psicologia
A psicologia de Sigmund Freud foi a pioneira em considerar os sonhos como manifestações inconscientes. Até então a medicina o considerava um mero produto do sono, sem nenhum significado ou mensagem advindo desta experiência.

Para Freud o sonho manifesta um desejo inconsciente e os símbolos que surgem no sonho dizem respeito à códigos culturais universais tendo, portanto, um significado próprio.

Para Jung os sonhos são como fantasias inconscientes vagas que falam através de símbolos. Jung diz que o sonho “não disfarça nada”, nós é que não o compreendemos sua linguagem claramente. Ele também acredita que existem sonhos que manifestam arquétipos do inconsciente coletivo.

Para a Psicologia Transpessoal o sonho também é uma mensagem viva e real que aponta possibilidades múltiplas de ser, sincronicidades, visões de acontecimentos futuros e que envolvem toda a humanidade. O sonho é como um espelho de nosso ser; está além das dimensões de tempo/espaço e por isso nos parece por vezes caótico e sem lógica. O sonho pode manifestar os arquétipos bem como as COEX (sistemas de experiência condensada). Segundo GROF: “Cada sistema COEX consiste de memórias, emocionalmente carregadas de diferentes períodos de nossa vida (e de outras existências). O denominador comum que as une é o fato de fazerem parte da mesma qualidade emocional ou sensação física”.

O fato é que, se encararmos os sonhos como parte de nossa vida psíquica teremos mais chances de aproveitar suas mensagens e ampliar nossa percepção sobre nós mesmos. O que Lao Tsé compreendeu é que sonho e realidade não são antagônicos, mas sim a mesma dimensão da existência vista através da nossa
"'mente binária". A realidade é formada pelo todo desta experiência. Sonhando ou acordados estamos vivenciando esta mesma realidade através de pontos de vista diferentes, mas ela continua sendo a mesma realidade...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O que é Psicologia Transpessoal?



















A  psicologia pode ser simplificadamente dividida em quatro grandes correntes denominadas forças:
• Behaviorismo ou Psicologia Comportamental - criada por John B. Watson. Escola de pensamento que valorizou o estudo do comportamento humano através de experiências em laboratório. Reformulou os conceitos de consciência e imaginação, negando o valor da introspecção e do inconsciente. 
Psicanálise - criada por Sigmund Freud. Freud classificou psiquismo humano em id, ego e superego, contribuindo assim para o estudo da consciência. Sua teoria até hoje pode ser considerada uma grande base para as outras psicologias. Em sua escola é muito enfatizada a sintomatologia e o sofrimento humano, que viraram os principais objetos de estudo da psicanálise. Jung, discípulo de Freud bebeu no conhecimento por ele postulado mas, por algumas divergências teóricas, criou o que foi chamada posteriormente de Psicologia Analítica.
• Psicologia Humanista - surgiu nos Estados Unidos e na Europa na década de 50, fundada por Abraham Maslow. Esta escola de pensamento é baseada na fenomenologia existencial e foi desenvolvida como uma reação ao pensamento comportamentalista e psicanalítico vigente na época que, segundo esta teoria, enquadrava o ser humano em suas patologias e considerava-o como uma máquina. A psicologia humanista trouxe principalmente o valor das emoções, a existência humana para o foco de estudo, valorizando as experiências saudáveis e alega que o ser humano é um ser que principalmente está a busca de sua auto-realização, é um ser criativo, capaz de estar consciente de suas escolhas e valores.
• Psicologia Transpessoal – criada em 1968 por Vitor Frankl, Stanislav Grof, James Fadiman e Antony Sutich que unidos a Maslow e oficializaram-na como uma nova corrente de pensamento dentro de psicologia. Para esta linha de estudo além do homem ser um ser humano que visa à auto-realização ele é naturalmente um ser que busca a sua transcendência como forma de evolução. O pensamento transcendente, holístico passa a ser estudado por esta psicologia como algo que ultrapassa as noções de dualidade e separação ilusórias e cria a sensação de pertencimento do homem no universo.












Origens
A psicologia Transpessoal foi oficializada como uma forma de pensamento dentro da psicologia em 1968 nos EUA com o propósito de transformar e abordar temas que foram deixados de lado pela visão mecanicista de mundo que imperava desde o final do século e que ainda vem predominando na sociedade moderna atual. O paradigma newtoniano-cartesiano ocidental deste período - baseado nos pensamentos de Newton e Descartes - enfatizava que, para se estudar um fenômeno, deve-se observá-lo a partir das partes que o compõem.
Dentre os principais colaboradores deste movimento encontram-se Abraham Maslow, Antony Sutich, Stanislav Grof, Viktor Frankl, James Fadiman. Antes disto, no início do séc. XX, o psiquiatra Richard Bucke e o filósofo Wiliam James e Carl Gustav Jung já pesquisavam acerca dos fenômenos transpessoais da existência. Jung foi o primeiro a utilizar o termo transpessoal em suas teorias psicológicas, portanto é considerado um dos precursores deste movimento.

“A ciência é o melhor utensílio do espírito ocidental e pode abrir mais portas do que fariam as mãos nuas. Ela é, pois, parte integrante de nosso conhecimento. Ela não vela horizontes senão quando pretende ser a única maneira de se compreender o universo”. (C.G.Jung apud Danucalov, pg. 177, 2006)

“É sabido que a grande maioria dos cientistas de orientação materialista (que atualmente perfazem um número considerável) tem se oposto às doutrinas religiosas erigidas através dos tempos, assim como aos fenômenos considerados paranormais, místicos ou religiosos. Para eles, todos estes fatos não passam de fantasias, ilusões ou delírios, pois não podem ser adequadamente mensurados e comprovados em laboratório. Ora é sabido, também, que tais fenômenos transitam em um campo minado, muitas vezes permeado por fraudes grotescas. Contudo, da mesma forma que a sobrevivência do espírito, da alma ou da mente ainda não foi categoricamente comprovada, também não o foi a sua contrapartida, ou seja, não existem evidências, se assim podemos nos expressar, da não continuidade da consciência, uma vez findada a existência física”. (Danucalov, pg. 187, 2006).
“Temos condenado fatos em lugar de acusar a imperfeição de nossos instrumentos”. (Balzac – autor da Comédia Humana- apud Danucalov, pg. 181, 2006)

Tem raízes no existencialismo, no humanismo e na fenomenologia, encontrando subsídios nos mais recentes conceitos da física moderna, neurobiologia e informática.
Paralelo ao movimento da transpessoal e determinante de certa forma para esta abordagem ganhar força estavam os estudos da física quântica que passa a alegar que o Universo todo (matéria/energia) é uma entidade dinâmica em constante mudança num todo indivisível; os estudos sobre a holografia; o surgimento do movimento hippie que ao mesmo tempo em que trouxe a disceminação das práticas espirituais do oriente e sua filosofia também trouxe muita confusão no uso e na aplicação de técnicas que visam a transcendência.









O que é Transpessoal?
Esta palavra-conceito, evocando algo para além do convencional relacionado com a pessoa, presta-se a ser confundida em parte com temas mais difundidos do movimento New Age. Usando uma estratégia oriental para definir algo pela negativa, diga-se, desde já, que não se ocupa dos interesses daquele movimento tais como sistemas de adivinhação de futuro ou situações de outro tipo como invocações espirituais ou até ocultistas ("magias" e "trabalhos"). Esta confusão levou a que muitos académicos e psicólogos tivessem reservas sobre os fundamentos filosóficos e científicos, sobre o que é simultaneamente uma atitude de vida, uma vivência e um movimento - o Transpessoal.
O termo transpessoal foi adotado para abranger os relatos de pessoas praticantes de várias disciplinas da consciência que falavam de experiências de uma extensão da identidade para além da individualidade e da personalidade.
Podemos conceituar Psicologia Transpessoal como o estudo e aplicação dos diferentes níveis de consciência em direção à unidade fundamental do ser.
Nas definições iniciais apresentava-se como um movimento (com vivências ou experiências transpessoais, aplicações clínicas e sociais e investigação específica), que estava para "além dos objectivos egóicos” e estabelece a ponte entre práticas psicológicas e espirituais, tendendo a satisfazer a busca de um crescimento espiritual, até uma directa percepção do divino. De um ponto de vista psicoterapêutico a sua essência reside nas atitudes terapeuta, nas experiências transpessoais nas quais o paciente é o seu próprio terapeuta.

Bases teóricas
A perspectiva transpessoal identificou claramente que há uma necessidade maior no homem que é a necessidade de transcendência e evolução espiritual. É a Escola de Psicologia que pesquisa num nível científico a espiritualidade. Entretanto, é importante frisar que a Psicologia Transpessoal não é religião nem parapsicologia apesar de se interessar e investigar, quando necessário, estes aspectos e contextos da mente humana.
Engloba alguns conhecimentos das teorias psicológicas já existentes, principalmente aqueles oferecidos pela psicologia analítica e humanista, além dos conhecimentos da psicologia oriental.
O movimento Transpessoal, pretende o bem-estar bio-psico-emocional-social-cultural-espiritual, de acordo com o processo evolutivo da pessoa, usando preferencialmente os estados modificados de consciência em vígilia nos quais a pessoa (ou paciente) é o seu próprio terapeuta, integrando os conhecimentos das tradições orientais (xamanismo, meditação, etc.) e ocidentais (experiências místicas, de quase-morte, hipnose, sonho acordado, etc.) sobre aqueles estados obtidos pela ciência moderna.

Objeto de estudo: a consciência que é estudada em seus diferentes níveis e estados e abordada através de cartografias/ mapas que revelam o desenvolvimento integral do ser humano. Entretanto, a Consciência para a transpessoal não se limita às funções cerebrais. Ela é que funda e fundamenta a existência.

A Psicologia Transpessoal de um modo geral considera que cada abordagem psicológica já existente pode ser mais ou menos útil para determinado nível de consciência. Por ter um enfoque sistêmico, lança mão de uma abordagem transdisciplinar no processo de cura, englobando as diferentes áreas da saúde.

A psicologia transpessoal pode ser um caminho para:
• crescimento pessoal e social;
• compreender e vivenciar as dimensões espirituais na vida cotidiana;
• o desenvolvimento da criatividade e dos aspectos saudáveis do ser;
• o desenvolvimento da vontade, do propósito de vida e da conexão do ser com as necessidades de sua essência.

Como abordagem, a transpessoal dedicou-se a estudar temas como:
Transcendência do ego: ocorre quando a consciência pode se desidentificar de sua identidade pessoal limitada caminhando além da fronteira do eu.
Consciência unitiva: é a consciência de que, mais do que fazer parte do todo, somos o todo integrado e indivisível. É a consciência da não separação, da não dualidade.
Espiritualidade: apesar de ser comumente experimentada no contexto das religiões a espiritualidade para a transpessoal está norteada pela dimensão transcendente e é caracterizada por certos valores identificados em relação ao indivíduo, aos outros, à natureza, à vida e àquilo que é considerado Supremo ou Realidade Última.
Experiências transpessoais: experiências que desafiam as noções de normalidade e realidade postuladas pela ciência tradicional. Ocorrem em estados incomuns de consciência onde a dimensão tempo/espaço é rompida, o indivíduo é capaz de vivenciar a perda da dualidade entre o ser e o universo, a dissolução do ego. As experiências transpessoais mudam radicalmente a visão limitada do mundo e são a porta de acesso à outras dimensões da existência.
No mundo moderno, muitas pessoas sofrem de uma ou de ambas as principais crises atuais. Primeiramente, existe a "crise do sentido da vida". Em especial no Ocidente, mas se proliferando por todo o planeta, muitos vivem num vazio existencial, a vida não apresenta um sentido (além do puramente material). A psicologia e a educação transpessoal contribuem para a cura dessa enfermidade. A segunda crise é a da dualidade - não nos percebemos como entidades completas e únicas, estamos constantemente divididos entre diversos desejos e vontades. Vivemos nos comparando com outras pessoas ou situações numa atitude dualista. A psicoterapia e a educação transpessoal atuam na cura desta crise ao nos direcionar à harmonia e ao equilíbrio essenciais.

Visão de mundo da transpessoal
O olhar transpessoal pode ser aplicado a diferentes segmentos científicos e à sociedade como um todo. Existem alguns preceitos/princípios que caracterizam esta visão:

• Existem sistemas energéticos sutis que são inacessíveis aos nossos cinco sentidos, mas registráveis por outros sentidos.
• A natureza se renova a cada minuto, a energia que a compõe é eterna.
• A vida começa antes no nascimento e continua depois da morte física.
• A vida mental e espiritual forma um sistema suscetível de se desligar do corpo físico.
• A vida individual é inteiramente integrada e forma um todo com a vida cósmica.
• A evolução obtida durante a existência individual continua depois da morte física.
• A consciência é energia, que é vida, no sentido mais amplo: não apenas a vida biológica, física, mas também a da natureza, do Espírito, a vida-energia, infinita na suas mais diferentes expressões.
• Todo ser humano é um ser único, dotado de inúmeras potencialidades e em constante crescimento. Ele não deve ser hierarquizado ou rotulado.
• Auto-realização está intimamente ligada à evolução do ser humano nos níveis físico, mental, emocional e espiritual.

Para saber mais:
"Psicologia do Sagrado" de Eliana Bertolucci - Editora Ágora.
 "Neurofisiologia da Meditação: investigações científicas no Yoga e nas experiências místico-religiosas: a união entre a ciência e a espiritualidade"de Marcelo Árias Dias Danucalov e Roberto Serafim Simões - Editora Phorte.
"Toward a humanistic-phenomenological spirituality: definition, description, and measurement". Journal of Humanistic Psychology"de David Elkins, L. James Hedstrom et al - v.28, n.4, p.05-18, 1988.

"A Mente Holotrópica: novos conhecimentos sobre psicologia e pesquisa da consciência"de Stanislav Grof - Editora Rocco.

"Iluminação espiritual: o caminho da luz na tradição e na Psicologia Transpessoal"de Lilian de Andrade Patiri Costa Pinto - São Paulo: 1998. 394 p. Dissertação de Mestrado em Ciências da Religião – PUC-SP.
"As fronteiras da evolução e da morte"de Pierre Wiel - Editora Vozes
"O Espectro da Consciência"de Ken Wilber - Editora Cultrix.
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