Frase da semana

"Nada posso lhe oferecer que não exista em si mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo além daquele que há em sua própria alma. Nada posso lhe dar, a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo". Hermann Hesse

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Mitos e Verdades sobre Meditação

Em Sikkim, nas montanhas do Himalaia, a uma temperatura de 4,4º C, monges budistas tibetanos altamente versados em uma prática meditativa chamada Tum-mo yoga foram enrolados com pesados cobertores completamente molhados. Três a cinco minutos depois de iniciarem suas práticas meditativas era visível a evaporação da água, e em aproximadamente 45 minutos, a temperatura elevada de seus corpos tinha secado completamente todos os cobertores. Os mesmos monges foram capazes de repetir esta experiência por três vezes seguidas, sem que nenhuma delas tenha sido presenciada qualquer sensação de frio manifestada pelos monges. Estes monges foram conhecidos como “monges secadores de toalha”, por terem a capacidade de aumentar seus metabolismos com a técnica de meditação.

Em 1973, Kothari e sua equipe de cientistas pesquisaram um yogue de 70 anos, conhecido nas ruas da cidade de Udaipur, na Índia, por afirmar conseguir parar o seu coração. Satyamurti aceitou ficar confinado numa cela de 15 metros cúbicos, sendo totalmente monitorado por oito dias, sem comer nem beber, sentado em posição de lótus. No início do experimento seus batimentos cardíacos começaram a aumentar como se Satyamurti estivesse sofrendo uma taquicardia, mas sem que ele sofresse qualquer anormalidade no funcionamento de seu coração. Depois dessa taquicardia, a função cardíaca de Satyamurti foi tão reduzida que os instrumentos eletrocardiográficos não foram sensíveis o suficiente para detectar qualquer padrão elétrico. Supostamente seu “seu coração parou”, ou melhor, seu metabolismo diminuiu tanto que o eletro não conseguiu medir a atividade cardíaca e assim permaneceu por cinco dias.

Estes e outros experimentos abriram um leque de possibilidades de investigação a respeito da meditação, seus benefícios e de como o estudo da mente deveria ser mais aprofundado, como nós Ocidentais só estávamos enxergando “a ponta do iceberg” no que se trata de estudar a consciência humana.

Estes estudos, apesar de interessantes, podem assustar a maioria dos aspirantes à meditação ou faze-los desistir simplesmente pelo pensamento: “Ah, eu nunca vou conseguir fazer isto”. Entretanto, mais do que desenvolver habilidades mentais que transcendem a ciência, a meditação tem uma meta bem clara: ser uma via de transformação profunda da consciência, transformação esta que percorre os valores e a espiritualidade do ser humano.

Antes mesmo de definirmos meditação teremos que percorrer o caminho oposto, ou seja, descreveremos o que não é meditação, já que muitas confusões estão presentes no imaginário do senso comum. Alguns mitos que mais aparecem são:

Meditar significa não pensar em nada. Como podemos pedir para que nossa mente fique em branco durante a meditação? Se eu falar para você agora não pensar em um macaco branco, isso é possível de acontecer? Quanto mais nos esforçamos em travar uma luta contra nossos pensamentos, mais eles dominam a nossa consciência. Existe um estágio no processo de meditação em que os pensamentos cessam, mas é um processo que ocorre em decorrência da prática persistente, do esforço e do desapego.

Meditar significa fechar os olhos. Se esta fosse uma verdade, em todo momento de sono nós estaríamos meditando. Uma das formas de meditar é fechar os olhos para se reduzir os estímulos sensoriais, mas podemos também meditar caminhando, executando atividades com presença e concentração.

Só os monges e yoguis conseguem meditar de verdade. Esta é uma crença que dificulta o ingresso de praticantes urbanos que pensam constantemente: “Isso não é para mim, sou muito agitado!”. A meditação é intrínseca à rotina dos monges, mas é possível desenvolver este hábito mesmo com a agenda lotada, filhos, tendência à agitação. Tudo é uma questão de colocar a meditação como uma das suas prioridades na vida.

“Meditar” é o mesmo que “refletir”. Aqui no Ocidente temos este costume de dizer: “Vá e medite sobre o que você fez hoje!”ou “Eu meditei sobre minha relação e conclui que...”. Mas, meditar não é ocupar a mente com pensamentos, reflexões e sim deixá-la livre para que ela possa primeiramente acompanhar seu curso e gradualmente reduzir suas flutuações/distrações.

Sabendo que é possível meditar, o aspirante só deve estar disponível para estar consigo mesmo por alguns minutos, sem pretenção de atingir altos níveis de consciência, caminhando passo a passo, pois o que importa não é o resultado final e sim o caminho.

Para saber mais sobre pesquisas relacionadas à Meditação indico um livro bem especial:
"Neurofisiologia da Meditação: investigações científicas no yoga e nas experiências místico-religiosas: a união entre ciência e espiritualidade" de Marcello Árias Dias Danucalov e Roberto Serafim Simões - Editora Phorte.
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